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Em Belém, Hospital Abelardo Santos incentiva denúncia de violência obstétrica

A Campanha Tolerância Zero à Violência Obstétrica busca apresentar os direitos das mulheres para que possam identificar possíveis violações

Janielson Oliveira / Jornalista
Por: Janielson Oliveira / Jornalista Fonte: Secom Pará
05/02/2025 às 10h26

Usuários são incentivados a usar os canais de denúncia do hospital, se necessário

Conforme o artigo 2º da Lei Estadual nº 10.495, “a violência obstétrica é qualquer tipo de agressão ou abuso a uma mulher durante sua gestação, no parto, no puerpério ou até mesmo em casos de necessidade de aborto, seja física, verbal ou psicológica”. Diante da importância do tema, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS) intensifica a Campanha Tolerância Zero à Violência Obstétrica.

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Inicialmente, as equipes assistenciais e o corpo clínico foram convidados a participar de palestras, abordando os impactos legais do desrespeito aos direitos das mulheres. O evento contou com a presença de profissionais das áreas obstétrica e jurídica do hospital, além da colaboração da Coordenação Estadual de Saúde da Criança (Cesac), da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa).

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Cartazes com informações distribuídos em pontos estratégicos do hospital, como os corredores de grande movimentação

Na sequência, os esforços concentraram-se na conscientização das pacientes e seus familiares, visando informá-los sobre seus direitos e capacitá-los a identificar situações de violência obstétrica em qualquer etapa do atendimento. Também foi incentivado o uso dos canais de denúncia do hospital, que operam 24 horas por dia, garantindo sigilo e apoio às mulheres que desejarem relatar possíveis violações.

Segundo Jamilly Silva, coordenadora do Núcleo de Educação Permanente (NEP), a iniciativa tem como objetivo garantir um ambiente acolhedor e, principalmente, respeitoso para gestantes e parturientes. “Isso é feito por meio da conscientização tanto dos profissionais quanto das usuárias, reforçando que as mulheres têm direito a um tratamento digno e respeitoso em todas as etapas do cuidado”, ressaltou.

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Hospital Abelardo Santos valoriza o protagonismo feminino na hora do parto

Localizado em Icoaraci, distrito de Belém, o Hospital Abelardo Santos é referência em atendimento neonatal, tendo registrado 5.003 partos nos últimos 12 meses, sendo 2.327 normais e 2.676 cesarianas. Assim, campanhas como essa são realizadas ao longo do ano na unidade, para que, como acrescenta Jamilly, esse tipo de trauma físico ou emocional seja combatido e erradicado.

Ações contínuas

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como violência obstétrica práticas como abusos verbais, impedimento de acompanhante, realização de procedimentos sem consentimento, invasão de privacidade, recusa em administrar analgésicos e agressões físicas, entre outras. Além disso, mulheres solteiras, adolescentes e de baixa renda são mais vulneráveis a esse tipo de desrespeito.

Dados da Fundação Perseu Abramo revelam que uma em cada quatro mulheres já sofreu violência obstétrica no Brasil. “Sabemos que a gestação e o parto são momentos delicados, repletos de desafios e dificuldades, mas que exigem respeito e medidas para combater todas as práticas abusivas, como as já mencionadas pela OMS”, afirmou Thalita Beltrão, coordenadora do Centro Obstétrico.

Equipes assistenciais e o corpo clínico recebem treinamentos periodicamente sobre o tema

Para esclarecer as formas mais comuns de violência obstétrica, Thalita Beltrão detalhou alguns exemplos que, embora possam parecer simples, têm impactos significativos na vida das gestantes e de suas famílias. As informações a seguir são as mesmas repassadas às pacientes durante a internação no Centro Obstétrico do Hospital Abelardo Santos. Entre elas estão:

  • Falta de consentimento informado:Realização de procedimentos sem a devida explicação para a gestante e sem o seu consentimento, como a episiotomia (corte no períneo, região entre a vagina);
  • Tratamento desrespeitoso:Insultos, agressões verbais ou humilhações durante o trabalho de parto ou a consulta pré-natal;
  • Negligência no atendimento:Ignorar os desejos da mulher, não monitorar adequadamente a saúde dela e do bebê, ou não oferecer analgesia quando solicitada;
  • Intervenções médicas desnecessárias:Forçar procedimentos, como cesáreas, sem necessidade médica, simplesmente por conveniência ou preferência do profissional;
  • Ignorar a dor da mulher:Minimizar ou desconsiderar a dor de parto, não oferecendo apoio ou alívio adequado;
  • Exposição excessiva da mulher:Deixar a mulher em situações de vulnerabilidade, como estar sem roupa e sem privacidade, em situações públicas ou diante de várias pessoas sem o seu consentimento;
  • Pressão para realizar intervenções:Pressionar a gestante a realizar procedimentos que ela não quer, como a indução do parto ou o uso de medicamentos sem necessidade;
  • Recusa de acompanhante:Impedir ou dificultar a presença de um acompanhante escolhido pela mulher durante o parto;
  • Não ouvir a mulher:Desconsiderar as preferências da gestante, como a escolha da posição de parto ou outros aspectos do atendimento;
  • Pós-parto desumanizado:Ignorar as necessidades físicas e emocionais da mulher após o parto, como não oferecer orientação sobre amamentação, cuidados com a saúde mental ou restabelecimento físico.

Denúncia

Para garantir que as denúncias de violência obstétrica sejam realizadas de forma ágil e segura, o Hospital Abelardo Santos disponibiliza o canal do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU), de forma presencial ou por meio do número de WhatsApp (91) 99270-0381. Há outras opções, como o Disque 180 ou o Disque 100, ou ainda pelo site www.saude.pa.gov.br/ouvidoria .

O HRAS é referência no atendimento à mulher e à criança, em quatro frentes: pronto-socorro, cirurgia, internação clínica e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além do acolhimento nas Unidades de Cuidados Intermediários (UCIn). A pediatria do HRAS está estruturada com 10 leitos de UTI, 25 leitos de clínica pediátrica e um pronto-socorro infantil, com atendimento 24 horas.

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